Depois desse belíssimo almoço, seguimos em direção ao Memorial pelas ruas do Brás dando de cara com um bonde andando em plena rua Visconde de Parnaíba. Engraçado ver um bonde de 1912 disputando espaço na rua com os carros do século XXI.

Com um ingresso de 4 reais, você tem acesso ao belíssimo prédio da hospedaria, que começou a ser construído em 1886 com um jardim muito bem cuidado na frente.
Logo ao lado se vê 2 Fords “bigode” representando a época em que a hospedaria vivia cheia de imigrantes.

Seguindo para o prédio, existe uma sala de emissão de certificados das famílias que passaram pela hospedaria. Não precisei buscar essa informação, pois já havia feito a busca pela internet e conseguido todos os certificados. Busca Della Negra
Seguindo em frente, quando estávamos indo para o pátio central, ouvimos os sinos do chefe da estação, vestido como se estivesse em 1910, chamando para o passeio de trem que sairia as 15hs.
Fomos até a estação de trem que fica dentro do memorial do lado direito, onde também há uma exposição ferroviária do berço da SPR - São Paulo Railway, que depois virou Estrada de Ferro Santos a Junidaí - EFSJ, depois RFFSA e atual CPTM.
O bilhete para o passeio custa 5 reais e dura 30 minutos, comprei 2 para embarcar no trem Maria Fumaça, à vapor, com a minha mulher e o meu filho ainda na barriga. A Máquina já estava bufando, esperando o apito do chefe da estação. Embarcamos no carro restaurado todo de madeira, muito bonito com muitos detalhes e ilustrado com jornais da época nas paredes.
O Chefe da estação apita, a máquina também e começa o passeio, que é bem curto, vale mais para conhecer a história da ferrovia, do trem e de como chegavam os nossos ascendentes.
Os imigrantes que chegavam de navio no porto de Santos, depois de 30 a 60 dias em alto mar, desembarcavam diretamente nesta linha de trem que os levavam até a hospedaria do Brás. Esta linha ligava Santos a Jundiaí, passando pelo Brás, as pessoas desciam, tomavam banho, toda a medicação, comida, corte de cabelo e tudo mais para continuar bem instalados no Brasil. Além disso, eles recebiam um cadastro de entrada no país e contratos de trabalho nas fazendas de café no interior paulista.
Ainda deu pra ver o cemitério de máquinas e vagões do acervo da ABPF-SP - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que é uma ONG que mantém e recupera as belíssimas máquinas.
Para a criançada é muito mais divertido, principalmente por ouvir aquele barulho dos vagões e do apito da Maria Fumaça, algo realmente para ficar na memória.
O mais interessante, além de saber que meu bisavô italiano chegou do porto de santos por aquela linha e foi trabalhar em campinas em uma fazenda de café, também foi relembrar um fato que até aquele momento não havia conectado, que o meu avô espanhol havia trabalhado como ferroviário naquela mesma companhia de trem a São Paulo Railway, provavelmente no mesmo trajeto que o meu bisavô italiano havia feito anos mais cedo. Algo que não havia passado pela minha cabeça até ali.
Depois do pequeno passeio de Maria Fumaça, continuamos a ver a exposição pelo Museu multimídia e a exposição de fotos e objetos da hospedaria. A exposição é bem legal para voltar ao tempo e imaginar os antepassados que passaram por lá, a italianada, a japonesada, portuguesada, espanholada e todos os mais de 80 povos que invadiram são Paulo entre 1888 e 1978, enquanto a hospedaria funcionou.
Vale a pena conferir, conhecer e pesquisar, o prédio é muito bem conservado e repleto de história, tem uma ótima infra-estrutura, banheiros e até uma cafeteria de ótima qualidade. O prédio também oferece algumas exposições esporádicas além do acervo que é fixo.


Mas o Museu é um oásis no meio daquele deserto de abandono que é o Brás.
Não perca!
Visconde de Parnaíba, 1316
Bairro do Brás - São Paulo
De terça a domingo das 10:00 às 17:00 horas (inclusive feriados)
Ingresso - R$ 4,00 (Quatro Reais)
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